terça-feira, 30 de novembro de 2010

Aventuras no exterior - Parte I

Finalmente, depois de quase um ano, consegui tirar a virgindade do meu passaporte. E como prometido, vou contar todas as minhas desventuras aventuras no exterior!

Em setembro do ano passado, eu tirei meu passaporte. Não é uma coisa muito difícil, basta entrar no site da Polícia Federal, preencher o cadastro, agendar, pagar e ir buscar o passaporte. A dificuldade depende de para  onde você pretende viajar. Para os Estados Unidos, por exemplo, precisa do famoso visto, uma permissão pra entrar no país. Alguém deve se lembrar daquela novela "América" com a Deborah Secco. Não, eu não entrei nos EUA ilegalmente, só pra constar.

Como eu moro em Manaus, tive que viajar pra São Paulo em janeiro deste ano pra poder comparecer à entrevista no consulado americano. Foi um pouco tensa a entrevista, fiquei com medo de ter o visto negado. Se o visto for negado, você volta pra casa com as mãos abanando, perde o dinheiro que gastou nas taxas e, se for o caso, perde o dinheiro que usou na viagem. Felizmente correu tudo bem e eu consegui o visto para turismo. Mas a tensão maior ainda estava por vir.


No início do mês dezembro, o sócio do meu pai disse que sua esposa e filhos estavam indo pra Miami, ele perguntou se eu queria ir junto. Não, né? Claro que eu prefiro ficar aqui em Manaus. Até parece. Não contei conversa e disse que iria. Só que ele enrolou muito até o fim do mês, e só tive certeza que viajaria em cima da hora. Peguei minha passagem no dia anterior da viagem, que aconteceu dia 19 de novembro, sexta-feira.

Tudo pronto para embarcar. Cinco horas de vôo de Manaus pra Miami. Pelo menos é vôo direto. Não consegui dormir, como sempre, então tive que ficar vendo filme ou lendo. Mas a viagem foi super tranquila. No fim do vôo deram uns formulários de declaração de bens com umas perguntas, respondi tudo "não" e declarei quanto eu estava levando em dinheiro.

Finalmente estávamos em solo americano! Mas eu ainda estava com muito medo. Ter o visto concedido não é o suficiente pra ser admitido na terra do tio Sam (sempre quis dizer isso), ainda era preciso passar por uma entrevista de admissão.

Na prática, viajei com a esposa e os filhos do meu sócio, mas na teoria, eu estava sozinho! Então eu tinha que fazer tudo sozinho porque éramos uma família diferente, então, pra não complicar ainda mais, era melhor dizer que eu estava viajando sozinho. Foi aí que meu coração começou a bater MUITO forte.

Chegou a minha vez de ser entrevistado. Quem faz a entrevista são os próprios policias. Farda preta, distintivo dourado na camisa, arma na cintura. Bem parecido com os filmes e seriados, fiquei admirado. O cara tinha uma cara de mau. Ele era muito sério. Entreguei meu passaporte e então ele começou a perguntar as coisas, em inglês:

- Como vai?

- Bem, obrigado.

- Viajou sozinho?

- Sim, mas encontrei uns amigos no avião.

- Amigos? Que amigos? Onde eles estão?

Meu coração pulou. Eu acho que eu não devia ter dito aquilo, estava muito nervoso e respondi:

- Eles vieram do Brasil também, mas nos encontramos por acaso.

- E onde eles estão agora?, ele estava com uma cara muito tensa, parecia que estava com raiva.

- Eu acho que eles já foram - respondi.

- Eles já foram?

- Sim - Nessa hora eu já estava com vontade de começar a chorar, eu achava que ele ia me mandar de volta pro Brasil.

- Tem alguém esperando por você aqui?

- Não, não.

De vez em quando ele olhava meu passaporte e digitava umas coisas no computador, ele continuou perguntando:

- O que você veio fazer aqui?

- Só visitar...

- Visitar quem?, Merda, percebi que não deveria ter usado aquela palavra, mas respondi:

- Não, ninguém não, só visitar o país mesmo.

- Você conhece alguém em Miami?

- Não.

- Quantos tempo vai ficar aqui?

- Quatro dias.

- Quatro dias?

- Sim, volto pro Brasil terça-feira.

- O que mais você veio fazer aqui?

- Compras...

- Comprar o que?

- Roupas - Ele perguntou quanto dinheiro eu tinha levado, eu respondi e as perguntas continuaram.

- O que você faz no Brasil?

- Trabalho na empresa do meu pai.

- E o que o seu pai faz?

- Tem uma loja que vende peças para trator.

Ele digitou mais coisas no computador e continuou o interrogatório:

- Você pretende alugar um carro?

- Sim.

- Você tem alguma reserva de aluguel de carro?

Puta merda. Depois que ele perguntou isso, eu travei. Eu não sabia o que dizer. De fato, iríamos alugar um carro e eu iria dirigir, mas a reserva não estava no meu nome. Outra coisa que eu não deveria ter dito. Como fiquei um tempão calado e com cara de leso, o policial achou que eu não tinha entendido o que ele perguntou, aí ele disse em espanhol:

- Reservación!

- Err... eu não sei.. uh... meu pai... err...

Aí ele perguntou, bem devagar, com cara de mau, apontando pro meu formulário (onde  também estava o endereço do hotel):

- Como você vai chegar no hotel??? 

- Err... eu vou pegar um táxi mesmo.

Ele digitou mais umas coisas no computador, eu já estava crente que iria voltar pro Brasil, quando ele carimbou e me devolveu meu passaporte e disse: HAVE A NICE DAY!!! 

Puta que pariu! Quase dou um abraço nele. Eu tinha sido admitido nos Estados Unidos! Pelo menos era o que eu pensava, mas outra coisa estava vindo pela frente, só que eu ainda não sabia.

Depois que saí da entrevista inicial, peguei a mala e fui pra outra parte, onde outro policial me chamou. Ele ia revistar a minha mala! Porra, será que eu sou tão suspeito assim? No começo eu achei que era procedimento padrão, que faziam isso com todo mundo, mas meu irmão disse que era uma espécie de sorteio mesmo, não era com todos. Me ferrei, como sempre. 

Quando o policial me chamou, ele calçou logo um par de luvas de borracha azul, tipo aquelas do CSI Miami. Aí o cara começou a fazer praticamente as mesmas perguntas do policial anterior, eu respondi normalmente, mas eu estava mais calmo. Ele perguntou algumas coisas  diferentes também...

 - Por que você está viajando sozinho?

- É que na minha família apenas eu, meu pai e meu irmão temos passaporte. Não podemos viajar juntos porque alguém tem que cuidar da empresa, como  eles já tiveram a chance de viajar, agora era minha vez. 

- O que você veio fazer aqui?

- Compras.

- Comprar o que?

- Roupas...

- Só roupas?

- Errr... video games também.

- Hmm... entendo, coisas desse tipo.

Fiz maior enxame pro cara. Ele ficou pra lá e pra cá, digitava umas coisas no computador e depois voltava, até que mandou eu colocar a minha mala em cima da bancada, juntamente com a bagagem mão.

Na bagagem de mão eu  levava apenas meu netbook, um headset, um livro e a câmera fotográfica. Ele olhou tudo! Pediu até pra eu ligar o netbook!!! Se alguém pretende levar um laptop para os EUA, eu aconselho que não coloque pornografia como papel de parede. Hahaha. Na verdade, o computador estava com senha, ele não pediu para eu digitar a senha nem nada. 

A revista continuou, ele olhou minha carteira também. Pediu pra eu segurar o dinheiro e começou a vasculhar por trás do meu cartão Saraiva e dos outros. Quando eu ia destrancar a mala, ele pulou, disse que ele mesmo cuidava daquilo! Mas depois viu que eu só queria destrancar a mala e autorizou que eu a abrisse. Não tinha muita coisa na mala, só umas três camisas e minhas cuecas. Nem calça tinha na mala, a única que levei era a que eu estava vestindo. Eu ia comprar tudo lá, claro.

Viram que eu não estava carregando nenhum narcótico nem bombas e me liberaram. A essa altura, o pessoal que me esperava no saguão pensava que tinham achado maconha na minha mala.

Depois disso eu relaxei totalmente. Entramos num daqueles ônibus internos e fomos pro local onde alugavam o carros. Preencheram toda a papelada e fomos para o estacionamento pegar o carro. Eles encontraram o carro, a chave ficava em cima do painel. Colocamos as malas pra dentro e entramos no carro. 

Saí normalmente com o carro pelo estacionamento em direção à saída. Chegamos na cancela e uma mulher afro-americana, com aquele sotaque peculiar, pediu pra ver  a minha driver licence e os documentos do carro.  A mulher foi conferir a placa do carro e falou algo que eu não entendi direito:

- Blablablawrongcarblablabla.

- WHAT?, Eu perguntei.

- Vocês pegaram o carro errado -  Ela me mostrou a placa que constava nos documentos e disse que não era essa a placa do veículo que estávamos. Aí eu olhei pro lado e falei:

- Vocês não conferiram o carro???

Falaram que não tinham conferido a placa. Eu também não conferi, né? Eles disseram que o carro era aquele, eu não ia pedir pra ver os documentos pra conferir se o carro era aquele mesmo.  Então tivemos que retornar pra pegar o carro certo, que por sinal, estava bem ao lado do que pegamos por engano. 

Pegamos o carro certo e finalmente passamos na cancela de saída. Saímos do aeroporto e entramos na auto-estrada! Finalmente eu estava livre por Miami! Não falaria com mais nenhum policial até ir embora. Agora era só curtir os quatro dias de na cidade!!

Então seguimos em direção ao hotel... e é aqui que acaba a primeira parte da minha aventura no exterior!! No próximo post vou contar o que eu fiz durante esses quatro dias e como foi minha viagem de volta pro Brasil! 

Aguardem, sairá ainda esta semana!!


[Atualização - 07/12/2010] Mas como você está lendo isso atrasado, a segunda parte já saiu faz tempo! Clique aqui é vá direto pra lá.




19 comentários:

  1. Tayson só se fode, pqp, policiais te amaram

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  2. "Depois disso eu relaxei totalmente."
    Hmmmmmm Totalmente RELAXADO é??

    "Pegamos o carro certo e finalmente passamos na cancela de saída"
    Cancela? Coisa mais da roça de se falar =P

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  3. haUHAihaUIHUAi... eu chamo de que então?

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  4. Tayson só se fode minha rola. Se fuder em Miami não é se fuder. Quem se fode é eu, que tava em GOIÁS! u.u

    Sei não, talvez portão, ou simplesmente saída...

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  5. Claro que eles te barraram, esse negão com cara de índio, no mínimo estava levando uns cachimbo da paz para vender...

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  6. Caramba,que aventura!!!!Ri mt com essa historia,é acho que os policiais te amam!!!ashuashuashuashu

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  7. que massa, ainda espero viajar p/ fora e ter algumas dessas histórias pra contar ;)

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  8. AEHuhaUheaU
    Q4T
    "Claro que eles te barraram, esse negão com cara de índio, no mínimo estava levando uns cachimbo da paz para vender..."

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  9. nossa, tua cara de traficante tá boa hein?

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  10. E você respondeu tudo em inglês? Aham Claudia, senta lá.

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  11. foda! =D
    Tenso mesmo
    um dia eu viajo ctg ;D

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  12. Você queria que eu respondesse em que idioma, Jorge?

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  13. caramba ficou tão tão tão legal!!!

    a espera da segunda parte! =D

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  14. tayson ateh no exterior se eh perseguido pela policia...
    pinta de traficante eh outra coisa neh
    ehauheuaeh

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  15. huahua vc deu azar mesmo... O rapaz, qdo entrei, nem me fez pergunta nenhuma! Só digitou o meu nome, carimbou meu passaporte e eu entrei... Nada de ter mala revistada...

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  16. uhauhauhaha aventuras hein... queria ter visto a cara do policial...

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